segunda-feira, 14 de junho de 2010

Artigo de Opinião

VIDA MARIA ÀS VEZES MUDA DE LUGAR


Patrícia A. N. Freitas


O filme Vida Maria trata de uma realidade dura que diz respeito à situação da educação no nosso país, o filme trata da banalização da educação de forma cíclica promovida por uma determinada situação cultural e socioeconômica que impede sua ruptura.

E por falar em ciclos, se pararmos para observar, notaremos o quanto é comum a simbiose que existe entre pobreza e falta de educação. É extremamente raro que uma esteja separada da outra. Se lançássemos a hipótese de que por algum motivo como a aquisição da bolsa família ou algum programa social do gênero viesse a contribuir com a entrada e a permanência de Maria na escola, que provavelmente seria uma escola cheia de deficiências, falta de material pedagógico, falta de preparo do professor, falta investimento, etc. Ainda assim Maria deixaria de ser analfabeta e teria mais perspectivas, se mudaria para a cidade, cheia de sonhos, como quando desenhava letras. Mas a maior probabilidade é que ocorra mais uma vez o esquecimento dos sonhos, com a necessidade de trabalhar para se manter, sem tempo nem condições físicas para dar prosseguimento aos estudos, depois de um dia cansativo de trabalho, limpando a casa de alguém, criando filhos de outras pessoas enquanto é obrigada a negligenciar os próprios. Mais uma vez desiste da escola. Mais um ciclo tem início: filhos de Maria que se criam na ausência da mãe que trabalha para promover o sustento da família, muitas vezes sozinha, e que mais uma vez estão na escola sem qualquer acompanhamento, só a freqüentam com regularidade pelo advento da bolsa escola. Filhos que crescerão desmotivados em relação ao ensino e a busca de forma honesta por uma melhor qualidade de vida, sem perspectivas, com um destino traçado, um futuro atrás de algum balcão, ou na portaria de algum prédio, sempre observando a vida que gostariam de ter, mas que lhe foi negada pela falta de oportunidades. Eis mais uma vez o ciclo de dificuldades em relação à educação, promovida por determinada situação cultural e socioeconômica que impede sua ruptura.

Não é só no interior, em lugares isolados que ocorre essa dificuldade para a construção de uma vida acadêmica. Em todos os lugares podemos notar as vítimas das dificuldades no campo educacional. Sabemos que são muitos os fatores que podem dificultar a educação, estes vão desde a alimentação, valores familiares, ensino de baixa qualidade desde as primeiras séries que desmotivam o aluno, que trazem a tona o despreparo em lidar com a individualidade na hora de aprender, o egoísmo de pessoas que só se preocupam com o próprio conforto e descuidam daqueles que precisam de um esforço maior no sentido da educação, o modelo de sustentabilidade que cria pessoas para servir as que têm maior poder aquisitivo, o desinteresse da sociedade, a desvalorização da pessoa humana, até a absurda negligência do estado.

Não é um fator isolado, são as atitudes de cada membro da sociedade que se acomoda ao conforto de ter empregados para servi-lo, ao invés de cidadãos intelectualizados servindo o bem comum.


Fontes de pesquisa:

* http://www.iets.org.br/article.php3?id_article=681

* http://br.monografias.com/trabalhos/educacao-pobreza-brasil/educacao-pobreza-brasil.shtml

(Ambos em 11 de junho de 2010).


“VIDA MARIA” é um filme curta-metragem em animação realizado com recursos do edital “3o. PRÊMIO CEARÁ DE CINEMA E VÍDEO”, realizado pelo Governo do Estado do Ceará, onde recebeu nota máxima na categoria “FICÇÃO-ANIMAÇÃO-FILME”. O curta se consagrou nos festivais de cinema em 2007 e encerrou o ano como o filme mais premiado do Brasil.


Link para ver uma pequena amostra do filme:http://www.youtube.com/watch?v=6-1CjDCmEiM&feature=player_embedded


Para saber mais sobre o filme:

http://www.viacg.com/news/vidamaria?lang_pref=pt


Não é uma determinada busca, porque de verdade, é impossível! Sempre que se busca uma coisa, se acha um monte de outras coisas, que por vezes até tiram o sentido da busca da primeira... Viver é sempre buscar, quem não busca nada (conscientemente), está de alguma forma buscando sentido.
Minha busca é determinada por ser consciente, estou buscando algo, que pode me resultar na oferta de milhares de opções de novas buscas, então escolho porque sei que a busca tem sentido e a escolha também, e que esse sentido ora começa, ora termina e ora passa por mim. Nesse exato momento, busco uma fé maior, que me alimente as forças para fazer alguma diferença para a melhor, no mundo(ainda que mínima) e em mim mesma (essa sim, grande e demorada)... Eis minha (por hora) busca determinada!